O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, ampliou, até dezembro de 2021, a vacinação gratuita contra meningite meningocócica causada pelo meningococo C para todas as crianças menores de 11 anos (de até 10 anos, 11 meses e 29 dias) que ainda não tenham recebido o imunizante. A medida tem como objetivo proteger as crianças e adolescentes de até 10 anos de idade, evitar surtos da doença meningocócica causados por este sorogrupo, além de otimizar o uso das doses da referida vacina, em virtude do baixo consumo deste imunizante nos últimos anos, e da existência de quantitativo de doses de vacina.1
Uma pesquisa realizada pela IPSOS Mori e encomendada pela farmacêutica GSK*, realizada entre 19 de janeiro e 16 de fevereiro de 2021, revelou que aproximadamente 50% dos pais no Brasil, Reino Unido, Itália, França, Alemanha, Argentina e Austrália, atrasaram ou cancelaram a vacinação de seus filhos contra meningite meningocócica durante a pandemia de Covid-19.2 E esses resultados convergem com os dados do PNI que apontam que, até agosto de 2021, apenas 49% do público-alvo da vacina meningocócica C cumpriu o esquema vacinal recomendado. Em 2020, a cobertura vacinal também ficou baixa: 78%.2 3
Para Juarez Cunha, pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, essa ampliação é uma ótima oportunidade para a atualização da caderneta de vacinação das crianças e adolescentes, visando a proteção contra a doença principalmente nesse momento em que as aulas presenciais estão sendo retomadas. “Por causa do abandono vacinal, que já vinha ocorrendo nos últimos anos e se tornou mais evidente em 2020, as crianças e adolescentes, grupo sensível à contaminação e transmissão do meningococo, estão mais vulneráveis aos riscos da doença. E o sorogrupo C é o de maior incidência no país, responsável por mais ou menos 60% dos casos de doença meningocócica quando observamos todas as faixas etárias. Além disso, os adolescentes e adultos jovens são os principais responsáveis pela transmissão da doença, em decorrência de elevadas taxas de estado de portador da bactéria meningococo em nasofaringe. Com isso, a partir dessa ampliação, teremos a chance de controlar a transmissão da doença, aumentando as coberturas vacinais tanto na população infantil como em adolescentes, evitando assim a ocorrência de surtos da doença pelo sorogrupo C, hospitalizações, sequelas, tratamentos e óbitos”, esclarece o médico.
A vacina contra a doença causada pelo meningococo C também é oferecida gratuitamente nos postos de saúde para bebês – com doses administradas aos 3 e 5 meses de idade, e um reforço aos 12 meses.4 Para adolescentes de 11 e 12 anos, está disponível a vacina contra os sorogrupos A, C, W e Y em dose única.5
A Meningite Meningocócica
A meningite é uma doença séria que pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, fungos e vírus.6 7 Em geral, a mais grave delas é a meningite bacteriana e, dentre elas, se destaca a meningite meningocócica, que, em 24 horas, pode mudar o rumo da vida do paciente: a evolução rápida e a alta letalidade da meningite meningocócica são algumas das características mais preocupantes da infecção causada quando a bactéria Neisseria meningitidis (ou meningococo) atinge as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.6 7 8 9
Transmitida por contato com gotículas ou secreções respiratórias através de tosse, espirro ou beijo de uma pessoa contaminada,6 a meningite meningocócica acomete principalmente crianças, mas pode se manifestar em qualquer faixa etária.7 Segundo a Dra. Lessandra Michelin, infectologista e gerente médica de vacinas da GSK, o grande desafio da doença é o diagnóstico precoce, que é determinante para a sobrevivência ou redução de sequelas no paciente. “É preciso estar atento aos primeiros sinais, que muitas vezes se confundem com os de outras infecções, incluindo a Covid-19. Para minimizar todos os riscos, a vacinação desponta como a forma de prevenção mais efetiva contra a doença”, explica a especialista.
Os sintomas iniciais da meningite meningocócica podem incluir febre alta, irritabilidade, dor de cabeça, náusea e vômito.7 8 Na sequência, o paciente pode apresentar pequenas manchas arroxeadas na pele, rigidez na nuca e sensibilidade à luz.8 Se não for rapidamente tratado, o quadro pode evoluir para confusão mental, convulsão, choque, infecção generalizada, falência múltipla de órgãos e risco de óbito.7 9
Outras vacinas disponíveis contra a doença
Atualmente, no Brasil, existem vacinas para a prevenção dos 5 sorogrupos ou tipos mais comuns de meningococo: A, B, C, W e Y.7,10,11 Para proteção do sorogrupo B a vacinação está disponível somente na rede particular, com doses previstas para os 3 e 5 meses de idade, e mais uma entre 12 e 15 meses. Crianças acima dos 24 meses seguirão o esquema de 2 doses com intervalo de 1 mês.12 13 Também com início aos 3 meses de vida e podendo ser aplicada no mesmo momento da B, as clínicas privadas ainda oferecem a vacina ACWY, com uma dose complementar entre 5 e 6 anos, e outra aos 11 anos.12 13 14
“Além da vacinação, outras formas de prevenção da meningite meningocócica incluem evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados e limpos. Já em caso de pessoas que mantiveram um contato estreito com um paciente com a doença confirmada, independentemente do estado vacinal, se utilizam antibióticos de maneira preventiva com a prescrição dos professionais da saúde”, esclarece a Dra. Lessandra.
- A pesquisa entrevistou 4.962 pais e responsáveis legais de oito países. No Brasil, foram entrevistados 501 responsáveis.