De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças de até 5 anos de idade não devem exceder o tempo de 60 minutos por dia diante de telas de smartphones, computadores ou televisão. Esse alerta, de acordo com a instituição, foi feito por diversos fatores. O principal é em decorrência da saúde dos pequenos, uma vez que, também segundo a organização, aproximadamente 40 milhões de crianças ao redor do mundo, o equivalente a 6% do total, sofrem de sobrepeso decorrente da pouca atividade física e da alimentação pobre em nutrientes.
O OMS, portanto, sugere que as crianças de até cinco anos substituam os passatempos online por atividades físicas e práticas que não envolvam necessariamente exercícios, mas incluam interações no mundo real, como a leitura e interpretação de histórias, brincadeiras com outras crianças, resultando em uma socialização maior. Porém, essa não é uma tarefa fácil. Pais e cuidadores de criança sabem como a mudança desse comportamento pode ser uma árdua missão. Para isso, a coach e especialista em desenvolvimento humano Leila Arruda, aconselha a aplicação de métricas de coaching visando maior auxílio no comportamento dos pequenos.
Leila, que possui ampla experiência na aplicação de coaching para adultos, afirma que o trabalho voltado para o público infantil, além de ser 100% assertivo, pode proporcionar uma mudança natural no costume das crianças, ou seja, sem despertar desconfortos e sentimentos de negação, como a raiva. No entanto, segundo a coach, “essa tarefa deve ser realizada de acordo com as reações das crianças, sem cobranças”.
Ainda de acordo com a especialista o trabalho deve ser realizado com calma, para que os resultados sejam alcançados. Isto é, um trabalho diário informando para a criança o quão aquela determinada atitude pode ser negativa no seu futuro por meio de metáforas. “Uma maneira interessante de informar a necessidade da mudança, é diariamente fazer perguntas sobre o motivo daquela ação ou contar histórias sobre. Entretanto, ao perceber uma reação negativa da criança devemos parar e começar novamente no dia seguinte”, enfatiza a especialista.
Em relação aos dados divulgados pela OMS, Leila é enfática: “a alteração desse comportamento pode sim ser realizada através de sessões de coaching kids. No entanto, é importante considerar que, como toda curva de aprendizagem, essa mudança é realizada aos poucos, percebendo e medindo a reação das crianças“, declarou. Vale considerar que esses métodos estão cada vez mais presentes no cotidiano, sendo, inclusive, adotados por escolas, uma vez que, segundo Leila, o coaching infantil pode ser realizado para crianças de até 12 anos.
Atividades ao longo do dia
Para melhorar o desempenho das crianças, mesmo com o pouco tempo disponível dos pais, Leila Arruda sugere seis atividades que melhoram a capacidade cognitiva, aprimoram o pensamento lógico e incentivam a criatividade dos pequenos no tempo extra-classe. “Porém é preciso pontuar que cada faixa etária requer o brinquedo ou atividade adequados e que os pais devem procurar essa informação antes de aplicar uma atividade”, lembra.
Quebra-cabeças: que pode ser aplicado enquanto os pais estão preparando o jantar, com imagens de personagens, cenas ou algo relacionado à vida ou ao momento da criança para incentivá-la a terminar a montagem
Jogo da Velha e jogos simples de tabuleiro: que estimulam o pensamento lógico e que não sejam feitos em tablet ou na tela de um smartphone. Os adultos devem sugerir o jogo e até estimular uma rodada de partidas e ir evoluindo conforme a idade, do jogo de damas para o xadrez ou ludo, por exemplo, que são mais complexos.
Colagem: essa atividade geralmente aplicada na escola pode ser feita em casa com ações temáticas. Montar um parque com atividades que a criança gostaria de ter, um restaurante fictício, uma escola ou um planeta imaginário pode estimular a criatividade. Para isso, bastam revistas e jornais antigos, tesoura, cola e papel e sempre com envolvimento dos pais como estímulo.
Ao ar livre: levar a criança para qualquer atividade ao ar livre é altamente estimulante. Evitar apenas as áreas de recreação dos condomínios ou ir sempre ao mesmo lugar, justamente para estimular alguma atividade desafiadora em cenários diferentes.
Montagem: jogos de blocos para montar devem ser aplicados sempre mas com atenção para a faixa etária começando por kits menos complexos para crianças pequenas (até 3 anos), um pouco maiores (dos 4 aos 6) e kits mais completos (dos 7 até onde a criança se sentir desafiada a completar a montagem).
Histórias para dormir: pesquisar previamente histórias que tenham lições com as quais se quer ilustrar alguma situação da vida e, ao contar, interagir com a criança antes de ir para a cama. Os pais devem atuar no imaginário da criança reduzindo as luzes da casa, desligando a TV, até para estimular a criatividade e propiciar o descanso. Esse momento também ajuda a reduzir o estresse, compreender melhor a rotina e acalmar a criança sem gerar ansiedade. “Não adianta os pais quererem que os filhos durmam cedo se eles mesmos ficam agitados nesse momento, com TV ligada ou música…”, alerta a especialista.