Vegetarianismo, veganismo e adoção de dietas à base de plantas (ou, no inglês, plant-based diets) são tendências crescentes em países ocidentais. No Brasil, segundo o recente levantamento do IBOPE repercutido pela Agência Brasil, 14% da população se autodeclara vegetariana e, de acordo com o Instituto Ipsos, 28% das pessoas têm procurado ingerir menos carne em dietas tradicionais. Com a crescente busca por regimes alimentares restritivos em relação à carne, se estabelecem debates sobre o impacto do vegetarianismo sobre populações em diferentes faixas etárias, especialmente sobre as crianças, indivíduos de até 12 anos que encontram na alimentação elementos essenciais para seu desenvolvimento físico e mental.
Artigos científicos recentes, derivados de estudos em escala global — como “Vegetarian diets in children”, de Schurmann, Kersting e Alexy, e “Vegetarian diet in children and adolescents: A health benefit?” de Peretti, Darmaun e Chouraqui — apontam que dados de prevalência de crianças brasileiras vegetarianas são escassos, mas, em níveis internacionais, a prevalência de dietas vegetarianas nesse público varia entre 0,3 e 7,0%, dependendo da população e do país de origem.
Ciente sobre esse cenário, o International Life Sciences Institute (ILSI) reuniu contribuições da Universidade Federal de São Paulo, da Universidade Federal de São Carlos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal do Triângulo MIneiro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares — CENDA do Instituto PENSI, para construir um e-book gratuito sobre os impactos e as recomendações referentes à dieta vegetariana para o público infantil.
No livro digital, os autores apontam que dietas vegetarianas e veganas bem administradas promovem diversos benefícios à saúde, como redução do peso corporal, menor incidência de síndrome metabólica ou diabetes, além de melhorar a pressão arterial e dislipidemia, reduzir a incidência de câncer e a incidência de doença isquêmica do coração. No entanto, os pesquisadores ressaltam que uma dieta vegetariana, especialmente a vegana, também pode estar relacionada a riscos à saúde, incluindo deficiências nutricionais, como a de vitamina B12, zinco e ferro.
“Especialmente em crianças, que consomem dietas vegetarianas, tem sido evidenciado riscos para deficiências nutricionais, o que tem sido um incentivo para o estabelecimento de guias, posições e diretrizes nutricionais. Caso a dieta vegetariana não esteja adequadamente equilibrada por diversidade, combinando cereais com leguminosas, leite, ovos e alimentos enriquecidos, pode levar a deficiências nutricionais específicas. Isto pode ocorrer principalmente nos primeiros 5 anos de vida pelos requerimentos nutricionais relacionados à demanda metabólica inerente a esta faixa etária (maior velocidade de crescimento físico e desenvolvimento neuropsicomotor), que devem ser fornecidos pela alimentação”, revelam os pesquisadores que contribuíram para a elaboração do e-book.
A recomendação dos cientistas é que, para evitar distúrbios de desenvolvimento graves e até mesmo irreversíveis, haja investimento em suplementação, com destaque à proteínas, vitamina B12, vitamina D, cálcio, ferro, zinco, iodo e ácidos graxos. “Na faixa etária pediátrica, mesmo uma dieta diversificada e bem planejada, deve ser associada a suplementação medicamentosa ou alimentar, principalmente nas fases de maior velocidade de crescimento físico e desenvolvimento neuropsicomotor”.
Para conhecer os detalhes da pesquisa e as recomendações dos especialistas, acesse: https://ilsibrasil.org/publication/consenso-do-ilsi-brasil-sobre-vegetarianismo-nos-primeiros-cinco-anos-de-vida/
