No próximo sábado (14), a Lua se colocará exatamente entre o Sol e a Terra. Porém, diferente do que ocorre em um eclipse total, a Lua estará um pouco mais afastada do que sua distância média – fazendo com que até mesmo na faixa central de visibilidade ela não consiga encobrir totalmente o disco do Sol – sobrando assim um anel brilhante em torno da silhueta da Lua. Haverá, portanto, um evento raro, definido como eclipse anular.
O ciclo dos eclipses é regulado pelos movimentos simultâneos da Lua em torno da Terra e desta em torno do Sol. Esses movimentos são muito bem conhecidos e este ciclo é conhecido há milênios, conforme ressalta o físico e livre-docente em Astronomia, Roberto Dias da Costa, do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP). “Os babilônicos já sabiam prever eclipses há cerca de 3 mil anos. Atualmente, usando as leis da mecânica celeste e simulações feitas por computador, é possível prever eclipses com a antecedência e o detalhe que se queira”, explica.
Com base nas previsões, o eclipse anular poderá ser visto em São Paulo das 15h40 às 17h50, com o pico às 16h49. A obscuridade será de 37% e magnitude de 0.4877. A partir das 15 horas, o Observatório Abrahão de Moraes, do IAG/USP, na cidade de Vinhedo, estará aberto para acompanhamento e observação do eclipse. O local contará com equipamentos e instrutores à disposição do público, que se inscreveu previamente. As vagas disponíveis foram rapidamente esgotadas.
Por que a visualização varia de acordo com a localização? – Apenas em uma pequena faixa sobre o planeta – como nas cidades de Natal e João Pessoa – a lua estará exatamente alinhada com o Sol e o eclipse, portanto, será visto como anular. Seria a faixa da totalidade se a lua estivesse mais próxima. À medida que se afasta desta faixa, a fração de cobertura do Sol vai diminuindo. “O cone de sombra se move de oeste para leste por causa da rotação da Terra, então o eclipse inicia no oeste do estado do Amazonas, depois corta todo o Pará, norte do Tocantins, sul do Maranhão, região central do Piauí, sul do Ceará e praticamente todo o Rio Grande do Norte e a Paraíba”, explica da Costa.
Ainda segundo o professor do IAG/USP, a visibilidade de um eclipse solar depende de que região da Terra vai estar no cone de sombra da Lua. “Obviamente, além da questão geométrica, tem também a necessidade de condições meteorológicas favoráveis. O eclipse só será visto se o céu não estiver encoberto por nuvens”, detalha.
Como observar eclipses solares?
É preciso ter muito cuidado ao observar o Sol. O IAG/USP lista algumas orientações para quem queira, com segurança, aproveitar a visualização do eclipse anular do próximo sábado.
– NUNCA observe o Sol com instrumentos de magnificação (telescópios, lunetas, binóculos, etc.) a não ser que estejam equipados com filtros específicos para observação solar.
– NÃO SERVEM: vidro enfumaçado e óculos escuros. E lembre-se: lesões na retina são irreversíveis!
– USE OS FILTROS PARA OBSERVAÇÃO SOLAR: são filmes plásticos (baratos) que servem especificamente para isso.
– HÁ ALGO MAIS SIMPLES: pegue uma folha de papel. Faça um furo nela com um prego ou palito e veja a imagem do sol que passa pelo orifício. Sim, é o mesmo conceito básico da “câmara obscura” que Galileu usava no século 17 para observar manchas solares. Aqui, um esquema básico da ideia: https://www.timeanddate.com/eclipse/make-pinhole-projector.html
Para quem perder a oportunidade, o próximo eclipse solar anular deverá ocorrer em 2 de outubro de 2024.
Sobre o IAG/USP – O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo é um dos principais polos de pesquisa do Brasil nas áreas de Ciências Exatas e da Terra. A missão é contribuir para o desenvolvimento do país, promovendo o ensino, a pesquisa e a difusão de conhecimentos sobre as ciências da Terra e do Universo e aspirando reconhecimento e liderança pela qualidade dos profissionais formados e pelo impacto da atuação científica e acadêmica. Na graduação, o IAG recebe em seus três cursos 80 novos alunos todos os anos. Já são mais de 700 profissionais formados pelo IAG, entre geofísicos, meteorologistas e astrônomos. Os quatro programas de pós-graduação do IAG já formaram mais de 870 mestres e 450 doutores desde a década de 1970. O corpo docente também tem posição de destaque em grandes colaborações científicas nacionais e internacionais.