A Cidadela é uma instalação interativa na CAIXA Cultural São Paulo, que materializa uma cidade imaginária e biocêntrica, uma fortaleza onírica onde os seres humanos, seus corpos, as casas e o restante da natureza são partes de um mesmo sistema: harmônico e fantástico.

Ao chegar na exposição, o público se depara com um portal de entrada, que se assemelha à uma trama de raízes aéreas de mangue e à silhueta de uma montanha. A estrutura, que leva o nome de “estufa”, tem suportes que guardam pequenos vasos biodegradáveis com matéria orgânica; sementes nativas do bioma original da cidade de São Paulo, a Mata Atlântica, e lápis e papel.
Ali o público pode realizar suas primeiras interações com a obra, seja pelo plantio de mudas que serão destinadas à restauração ambiental ou realizando um autorretrato que integrará a galeria de novos “habitantes” da Cidadela.
Ao adentrar um pouco mais, descortina-se a cidade formada por 15 “casas-corpos” – esculturas feitas a partir do molde do tronco da própria artista, com diminutas janelas e portas em seu ventre, que dão acesso a minimundos imaginários. No interior de cada “casa-corpo”, o olhar curioso se depara com uma dramaturgia particular, dialogando com um aspecto diferente da infância, interconectado com o fluxo dos corpos e suas distintas emoções, o cotidiano das casas e as dinâmicas da natureza.
Para contar cada história, o cenário e objetos, em miniatura, são animados por autômatos mecânicos e eletrônicos, pela transição de luzes e pela trilha sonora individual de cada casa, além de estímulos auditivos como o som das águas, do vento, do pisar na terra e do crepitar do fogo. Cada “casa-corpo” recebe também uma audiodescrição, que promove a acessibilidade.
O fio condutor das obras são as artes têxteis, que Ezou intersecciona com o teatro de animação, a arte eletrônica, o audiovisual, a literatura, as musicalidades e os autômatos artesanais. Ela ainda emprega técnicas auxiliares como marcenaria, serralheria artesanal e colagem e, por fim, as conecta a saberes como mecânica do movimento, arquitetura vernacular, biologia e agroecologia. Assim, Maria tece o enredo que resulta na narrativa maior, o mundo sonhado da Cidadela.
Para proporcionar uma experiência plena às crianças, a expografia respeita as dimensões dos pequenos, e os minimundos são localizados na altura do olhar da criança. Para os adultos, o convite é para que experimentem a Cidadela a partir do ponto de vista dos pequenos.
A exposição pretende reafirmar o corpo como espaço de autonomia e alteridade e, por isso, cada espectador escolhe sua trilha de visitação, descobrindo, em cada Casa, um universo particular e a temática inerente à infância daquela obra. Compõem a Cidadela as Casas Gestar; Infância; Memória; Amor, Raiva; Empatia; Espera; Afeto; Alegria; Proteção; Desafio; Preguiça; Liberdade; Medo e Tristeza.
Em Cidadela, o corpo de Maria Ezou é o corpo do universo. Raízes, corpo, montanha. Mulher-natureza, guiada por mapas, casas e seus interiores – cartografias que apontam para a direção coletiva. Cartógrafa dos afetos, parte das espacialidades e mergulha nas infâncias como um ato político. Onde o caminhar coletivo é o único possível.
Hoje as obras de Ezou estão situadas no campo das artes visuais, da performance e da instalação, mas, nos primeiros anos de sua trajetória, produziu muitos trabalhos para o campo das artes cênicas e com teatros de grupo, assim aprendeu e aprimorou seu ofício na lógica da colaboração e coletividade.
Em a Cidadela, essa dinâmica segue presente. As obras da exposição têm a concepção e realização individual de Maria Ezou, mas contam com a colaboração de outros artistas e mestres de diferentes ofícios, que, convidados por Maria, trouxeram sua especialidade para o processo de preparação das obras.
Entre os 17 convidados estão André Mehmari (produtor e intérprete musical); Heloisa Pires Lima (dramaturgia do movimento); Juliana Notari (dramaturgia do movimento); Mônica Cardim (fotografia artística); Leonardo Martinelli (composição musical); Willian Oliveira (desenvolvimento dos sistemas eletrônicos); Cristina Souto (desenho de luz), entre outros.
Mais informações sobre o Projeto Cidadela: Link
Exposição Cidadela
Local: CAIXA Cultural São Paulo
Endereço: Praça da Sé, 111 – Centro – próximo à estação Sé do Metrô
Data: de 07 de março a 04 de maio de 2025
Terça a Domingo, das 8h às 19h
Classificação indicativa: livre
Entrada franca
Agendamentos para grupos e escolas: e-mail
Acessibilidade: A exposição conta com o recurso de audiodescrição e acesso para pessoa com deficiência
Informações: (11) 3321-4400 ou acesse o site
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal