O Alana e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) estão lançando a nova edição do manual de orientação “Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes – Atualização 2024”. O documento é uma ampliação do manual lançado em 2019, e aborda três novos temas: os benefícios da natureza para as crianças com deficiências; a importância da natureza no planejamento das cidades e as mudanças climáticas.
Elaborado pelo Grupo de Trabalho “Criança, Adolescente e Natureza”, da Sociedade Brasileira de Pediatria — que é coordenado por um representante do Alana — e com o apoio institucional da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), da Coalizão pelo Clima, Infâncias e Natureza (CLICA) e do ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) – tem por objetivo orientar e inspirar famílias, pediatras, educadores e planejadores de cidades a respeito da importância do convívio de crianças e adolescentes com a natureza para seu desenvolvimento integral e para a preservação de sua saúde física e mental.
O documento se tornou uma referência tão importante no tema que deu origem ao manual “Guidance on Nature’s Benefits in the Development of Children and Adolescents”, em uma iniciativa que reuniu o Alana, a Comissão de Comunicação e Educação da União Internacional para a Conservação da Natureza (CEC/IUCN), o movimento #Nature For All e a American Academy of Pediatrics (AAP) e parceiros como DSI, Nature and Health Alliance, Early opportunities – Standford, Children Environment Health Network.
A versão norte-americana é uma tradução do manual brasileiro para o inglês, com adaptação do conteúdo para o contexto internacional. A ideia é que ele sirva de base para a elaboração e gestão de ações e políticas da American Academy of Pediatrics e dos demais parceiros.
Para marcar essa importante parceria, o Alana trará para o evento de lançamento do manual, que será no dia 26/10, durante o 41º Congresso Brasileiro de Pediatria, a pediatra americana Danette Swanson, representante da Sociedade Americana de Pediatra e uma das mais respeitadas e influentes autoridades dos EUA na conscientização da importância da natureza para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes.
Vínculo com a natureza para combater a crise climática
“Muitas pesquisas têm demonstrado que, quanto maior a conexão das pessoas com a natureza, maior será o engajamento da sociedade com as questões ambientais e climáticas. Iniciativas que visam restabelecer os vínculos entre crianças e adolescentes com a natureza devem fornecer experiências associadas a sentimentos como conforto, confiança, prazer, exploração, desafio, realização, liberdade para seguir interesses próprios, superação de medos ao ar livre, empatia e cuidado com os outros seres vivos. Esse é um caminho importante para desenvolver o protagonismo das crianças e adolescentes e, desse modo, contribuir para um enfrentamento construtivo e saudável das mudanças ambientais e, acima de tudo, nutrir e ter esperança no futuro”, afirma a publicação.
O manual parte de um contexto histórico para traçar um panorama dos direitos das crianças em relação à natureza. A seguir, com base em evidências científicas e seguindo diretrizes da SBP, o guia traz recomendações para pediatras e profissionais de saúde, educadores e escolas, arquitetos e urbanistas, famílias e para os próprios adolescentes. “Mudar a realidade é um esforço que deve reunir governos, empresas, sociedade civil, os setores de saúde, meio ambiente e educação, além da mídia e dos indivíduos, posicionando crianças, adolescentes e jovens como prioridade absoluta na pauta climática e ambiental”, diz o manual.
“A ideia é que a reflexão e o engajamento envolvam a todos, já que o combate aos efeitos da crise climática é necessariamente coletivo”, avalia Maria Isabel Amando de Barros, especialista do Instituto Alana e coordenadora do Grupo de Trabalho “Criança, Adolescente e Natureza”, da Sociedade Brasileira de Pediatria. “O interesse da Sociedade Americana de Pediatria em levar esse material para os Estados Unidos mostra que os desafios são efetivamente globais e afetam a todos. Temas como urbanização, desmatamento, emissão de poluentes e aquecimento global dizem respeito a todo e qualquer ser humano no planeta. Esse compartilhamento de experiências é fundamental. É muito importante fortalecer esse movimento em outros países”, diz Laís Fleury, diretora de parcerias do Alana Foundation.