Com as estações mais frias do ano avançando, uma das grandes preocupações de pais, mães, escolas e demais responsáveis por bebês e crianças são as doenças desenvolvidas pelos pequenos ao longo desses meses. Entram nesse quadro otite, bronquite, rinite e quadros gripais, geralmente sanados facilmente, mas que até serem resolvidos causam bastante preocupação (e noites em claro).
Essas doenças respiratórias aparecem com mais frequência entre maio e junho, quando as temperaturas começam a cair junto com a umidade do ar – especialmente nas regiões Sul e Sudeste do país. Nesses locais, o outono e o inverno são marcados pelo clima frio e seco, e a explicação está na meteorologia. Isso ocorre devido a uma condição chamada anticiclone subtropical do Atlântico Sul (ASAS), que nessa época do ano contribui com ventos mais intensos e barra o avanço da umidade até essas regiões.
De acordo com Shirley Pignatari, professora adjunta do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a instituição do trabalho e das aulas remotas, em decorrência da pandemia, trouxe como efeito paralelo uma nítida diminuição na frequência de todas as infecções de vias aéreas (IVAS), particularmente dos resfriados comuns.
Entretanto, com a vacinação em massa contra a covid-19 e o retorno presencial às atividades cotidianas, muitos pacientes voltaram a apresentar os quadros de resfriado usuais durante esses meses. “As manifestações clínicas podem ser semelhantes às apresentadas pela covid-19, o que implica na necessidade de diagnóstico laboratorial precoce para caracterização etiológica com implicações relevantes de saúde pública”, alerta Shirley.
De acordo com a pesquisadora, a maior parte dessas infecções é causada por patógenos como os rinovírus, um dos responsáveis pelo resfriado comum, de intensidade variável e com sintomas típicos, com coriza, congestão nasal, dor ao engolir, rouquidão e tosse.
O vírus da influenza também tem um papel de destaque, pela maior intensidade e gravidade dos sintomas, como febre alta, dores musculares e comprometimento de todo o sistema respiratório, do estado geral dos pacientes e da evolução para quadros de síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
Contudo, apesar de a sazonalidade desses surtos tornar a presença desses vírus corriqueira, seu poder de transmissão permanece alto. Então, valem as recomendações de sempre. “Para amenizar os sintomas e diminuir o tempo de evolução das infecções respiratórias, as soluções salinas nasais, hidratação e alimentação adequadas ainda são grandes aliados na prevenção e tratamento das crianças”, finaliza a professora da Unifesp.