O premiado grupo As Meninas do Conto está às vésperas de completar 25 anos de existência. Fundado por mulheres, mantém a premissa de ter em cena somente atrizes garantindo a presença e o fazer por mulheres. Ao longo deste tempo vem realizando um trabalho de excelência artística, com pesquisa e produção voltadas para o público infanto juvenil e adulto. Reconhecido por diversos prêmios, além de participações em importantes eventos e festivais no Brasil e no exterior, tornou-se referência na arte de contar histórias e no apoio de formação de novos contadores.
Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, o grupo faz duas sessões do espetáculo Mil Mulheres e Uma Noite, nos dias 7 e 8 de março, às 18h30, na Casa da História (sede do grupo, na Pompeia). Com direção de Eric Nowinski e dramaturgia de Cassiano Sydow Quilici, a peça tem como ponto de partida o livro As Mil e Uma Noites traduzida diretamente do árabe para o português por Mamed Mustafa Jarouche. Vencedor do Prêmio Melhor Figurino Aplauso Brasil/2017, neste mesmo prêmio indicado também como melhor direção, melhor iluminação, e trabalho de grupo. Também indicado ao Prêmio APCA/2017 como melhor direção.
A proposta do espetáculo é fazer ecoar a voz de Sheerazade, – que, para entreter o rei e salvar a própria vida, não se cansa de contar histórias – uma mulher que enfrenta a tirania dos homens com a potência das histórias. A perspectiva feminina é a força motriz para a dramaturgia. Na peça, a voz dessa mulher é multiplicada pelas vozes femininas que compõem o grupo de sete atrizes. A dramaturgia sobrepõe as narrativas do livro a notícias contemporâneas de opressão feminina.
O livro contém fábulas de terror, piedade, amor, ódio, medos, paixões desenfreadas, atitudes generosas e de comportamentos cruéis, delicadas e brutais. A obra, de tradição oral árabe e persa, foi escolhida por ser uma referência universalmente reconhecida de difusão de contos populares. “É um livro de tradição oral com histórias milenares dos mais variados gêneros, e ao cruzarmos com histórias de opressão feminina contemporâneas exercitamos o processo de educação e transformação, que é a função do conto, em sua essência. O ato de parar para ouvir, exercitar a imaginação e de se colocar em outro ponto de vista”, diz a atriz Simone Grande.
Proposta de encenação
Com direção musical de Fernanda Maia e direção de movimento e coreografias de Letícia Doreto, um coro costura musicalmente as narrativas e conduz o público pelo espaço cênico percorrendo os diferentes espaços onde ocorrerão as histórias. Uma abertura musical contextualiza a plateia com a história de Sheerazade, de onde se desdobram as outras narrativas.
O coro funciona como um personagem, que tem a função de permear as cenas individuais com outras texturas sonoras, ambientação musical e diferentes composições espaciais. Instrumentos musicais como o darbuka, de tradição árabe, remete o ouvinte rapidamente a essa cultura. Outros, como o pandeiro, promovem um elo entre a música do oriente médio e do Brasil tornando possível revelar as influências árabes na cultura brasileira.
Também a iluminação tem função cenográfica. Na medida em que as histórias estarão instaladas em diferentes espaços cênicos, a luz, tanto quanto a ambientação de cada espaço é um importante índice de remissão a um espaço-tempo mítico situado entre o fantástico e o maravilhoso, universo proposto pelas narrativas e fábulas originais e o contemporâneo expresso em elementos da condição feminina , que reverberam em diferentes culturas e diferentes momentos históricos.
MIL MULHERES E UMA NOITE
Dias 7 e 8 de março – Sábado e domingo, às 18h30.
Ingressos: R$ 40 – Bilheteria 1 hora antes
Duração: 80 minutos.
Classificação etária: 14 anos.
Capacidade: 30 lugares.
CASA DA HISTÓRIA (SEDE DO GRUPO AS MENINAS DO CONTO)
Rua Doutor Francisco Figueiredo Barreto 157, Pompeia.