Uma ilustre desconhecida! Assim podemos considerar a raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus). Poucas pessoas já ouviram falar deste canídeo exclusivamente brasileiro que vive em áreas de Cerrado e que vem resistindo aos impactos negativos gerados em seu habitat decorrentes de interferências humanas.
Dentre o grupo dos canídeos do mundo (família dos lobos, chacais, coiotes, cães e raposas), a raposinha-do-campo figura entre as espécies menos estudadas pela Ciência. Foi exatamente este fator preocupante que motivou a Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP) a receber as duas fêmeas oriundas de resgate para compor o atual plantel da instituição e iniciar com os estudos para o estabelecimento de um protocolo de manejo em cativeiro, já que a escassez de informações sobre a espécie é um grande entrave para o avanço de projetos de conservação ex situ.
Desde 2012, o Zoológico de São Paulo é parceiro do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC) por meio de seu Núcleo de Atividades In Situ (NAIS) ligado ao Departamento de Pesquisas Aplicadas, e há anos estuda diferentes aspectos da população de raposinhas na natureza, em Cumari, Goiás, monitorando os indivíduos que receberam colar radiotransmissor para a compreensão da área de vida e ecologia, além do desenvolvimento de ações educativas junto à população local. Estas valiosas informações aliadas às obtidas com os animais cativos permitirão atuar de forma integrada, traçando parâmetros em diversas linhas de pesquisa, visando um aporte
maior de informações científicas que irão contribuir para um melhor entendimento da biologia e comportamento da espécie.
Desta forma, o Zoológico de São Paulo, a partir do dia 28 de outubro, apresentará aos seus visitantes esta emblemática espécie, para que seja cada vez mais conhecida e valorizada pela sociedade, afinal, as pessoas só protegem o que conhecem!
FUNDAÇÃO PARQUE ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO
Avenida Miguel Estéfano, 4241 | CEP 04301-905 | São Paulo, SP
Fone: (11) 5073-0811 | Fax: (11) 5073-0851
www.zoologico.com.br
Saiba mais sobre as raposinhas
Não há parentesco entre as duas raposinhas, porém, ambas compartilham da mesma realidade de terem sido vítimas de desequilíbrios ambientais decorrentes de ações humanas. Uma das raposinhas foi entregue ao CEMPAS – Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens, da UNESP de Botucatu, em novembro de 2018, por uma família do município de Americana/SP, que acreditava estar criando um cão doméstico. A outra fêmea foi encontrada ainda filhote e sozinha, em uma empresa localizada na cidade de Avaré/SP e também foi encaminhada ao CEMPAS em outubro de
2018 pelo corpo de bombeiros.
Pesando pouco mais de 4 kg e aproximadamente 60 cm de comprimento cada, as duas jovens fêmeas chegaram ao Zoológico de São Paulo em 18 de julho de 2019 e permaneceram por meses em observação para avaliação clínica e comportamental.
Mediante respostas satisfatórias, foram então transferidas para um recinto amplo, com vegetação rasteira, troncos, pontos de fuga e outros recursos ambientais que remetem ao Cerrado para estimular comportamentos naturais da espécie, como demarcar território e se abrigar em tocas, por exemplo. A adaptação ao novo lar é uma fase muito importante no manejo da espécie e requer monitoramento constante dos biólogos por mais algumas semanas.
Na literatura, os estudos mostram que estes animais possuem hábitos crepuscular-noturno e uma dieta carnívora, buscando como recurso alimentar os cupins, que é a base da alimentação, mas consomem também outros invertebrados, pequenos vertebrados e frutos, o que indica que sejam boas dispersoras de sementes dada a variedade de frutos que ingerem. No Zoo, foi elaborada uma dieta para atender
as necessidades nutricionais da espécie, sendo oferecido diariamente frutos, carnes, ovos e ração balanceada para canídeos.
As raposinhas começaram uma nova história na Fundação Parque Zoológico de São Paulo e espera-se que a trajetória traga muitos benefícios à espécie.
Recentemente, foram “batizadas” pelos técnicos do Setor de Mamíferos recebendo os nomes de “Simone e Simaria”, uma homenagem à dupla sertaneja feminina que também possui uma forte ligação com a região Central do país, Goiás, em virtude do estilo musical, sendo também uma das moradas das raposinhas.
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Animais oriundos de resgates, vítimas do tráfico, da posse ilegal, assim como de atropelamentos, queimadas e desmatamento, após passarem por essas situações, muitos se tornam inaptos à reintrodução na natureza, permanecendo dependentes dos cuidados humanos. Neste sentido, Zoológicos possuem um papel fundamental no processo de amparo a estes animais que passam a contribuir com a produção de conhecimento científico e a promoção da educação ambiental, para que todos reflitam sobre como as ações humanas podem impactar positiva ou negativamente a
biodiversidade.
Programação educativa – “Conhecendo as raposinhas”
Com objetivo de desejar “boas-vindas” às novas moradoras, os educadores ambientais
prepararam uma programação especial de atividades para apresentá-las ao público,
confira:
De olho na raposinha!
Apresentação de alguns equipamentos utilizados pelos pesquisadores em trabalhos a
campo, assim como curiosidades sobre as raposinhas.
Datas: 29 e 30/10 | Horários: das 13h30 às 15h30.
Local: Recinto da Raposa-do-campo – Alameda Urso.
Cine raposinha
Acompanhe uma exibição de vídeos sobre a conservação da biodiversidade do Cerrado
e também sobre as raposinhas.
Datas: 29 e 30/10 | Horários: 13h30, 14h30 e 15h30
Local: Espaço Vida de Bicho – Alameda Rinoceronte