O Teatro Porto Seguro retoma suas atividades com a estreia digital do espetáculo Pós-F, com textos da escritora, roteirista e apresentadora Fernanda Young, direção de Mika Lins e atuação de Maria Ribeiro. A peça cumpre uma temporada on-line entre 12 de setembro e 4 de outubro e será transmitida via streaming direto do palco do teatro.
Sessões aos sábados e domingos, às 20h. Os ingressos, a partir de R$ 20, terá parte do valor destinado para campanhas que estão auxiliando os diversos profissionais das artes cênicas, afetados pela pandemia do novo Coronavírus.
O solo é inspirado em Pós-F, para além do masculino e do feminino, a primeira obra de não-ficção de Young, que venceu o Prêmio Jabuti 2019, mesmo depois da precoce morte da autora em agosto daquele ano. O livro reúne textos autobiográficos e ilustrações da própria Fernanda que fomentam o debate sobre o que significa ser um homem e uma mulher nos dias de hoje.
Este espetáculo-relato, de acordo com a diretora Mika Lins, procura ao máximo levar ao palco as experiências pessoais da autora. “Buscamos transformar o que é expresso na teoria em ação, na experiência pessoal dela. É quase como se a Fernanda estivesse em cena exposta como pessoa e contasse suas memórias e vivências. Para além das ideias avançadas propostas no livro pela Fernanda, a peça é muito baseada na visão pessoal que eu e a Maria Ribeiro tivemos depois que ela passou pelas nossas vidas. E eliminamos qualquer didatismo, pois é um espetáculo sobre uma artista, sobre uma criadora, sobre uma ficcionista”, explica.
Ainda segundo a diretora, a necessidade de se apresentar via streaming estimulou a equipe a criar uma nova forma interessante. “E esse formato meio que mistura Maria com Fernanda. Essa Fernanda, personagem teatral, fala das suas experiências e memórias e do que ela é constituída. O que ela viveu faz o tipo de artista, o tipo de escritora que ela se tornou. Além disso, ela era muito ligada às novas tecnologias, muito ativa no Instagram e fortemente ligada com fotografia e com arte”, acrescenta.
Maria Ribeiro, corroborando com o pensamento da diretora, diz que “assim como Leila Diniz, Fernanda era daquelas mulheres que, apenas cumprindo sua psique, nos libertava de tudo o que não era natural, e sim, convenção”
Vivências da Fernanda
No livro, a partir de experiências pessoais, a Fernanda Young se revela como uma das tantas personagens femininas criadas por ela, sempre livre para fazer o que quiser, amar quem quiser e viver à sua maneira, porém cercada por um sentimento intrínseco de inadequação. Esse constante deslocamento faz com que Fernanda seja capaz de observar tanto o feminino como o masculino em todas as suas potencialidades.
É esse modo de ser que motiva Young a propor a ideia de um pós-feminismo e pós- Fernanda, um relato sincero sobre uma vida livre de estigmas, calcada na sobrevivência definitiva do amor, no respeito inquestionável ao outro e na sustentação do próprio desejo. E esse olhar profundo para o outro possibilitaria acabar com quaisquer formas de rótulos e papeis impostos tanto para a mulher como para o homem, que também sofre com as enormes pressões da sociedade patriarcal e precisa ser um aliado na luta contra o machismo. Assim, Fernanda oferece sua visão de mundo na tentativa de superar polarizações e construir algo maior, em que caibam todos os gêneros.
“O que é bonito nessa coisa do Pós-F, é que, para nós, depois do falecimento da Fernanda essa obra virou uma espécie de legado que essa mulher deixou. E uma coisa muito bela nesse relato é que ela inclui e põe como muito importante presença do homem nas transformações pela qual ela sofre – ainda mais depois que ela se tornou mãe de um menino”, comenta Lins.
Bate-papos
Além do espetáculo, a atriz Maria Ribeiro comanda bate-papos depois de cada sessão com pessoas que conviveram com Fernanda Young em vários aspectos de sua vida. As conversas duram até 60 minutos e acontecem depois de cada apresentação.
Entre os convidados estão a diretora Mika Lins, Alexandre Machado (parceiro e marido de Fernanda), o fotógrafo Bob Wolfenson e agente literária Eugenia Ribas Vieira (da Agência Riff).
Sobre Fernanda Young
Embora não tenha concluído os cursos de letras, jornalismo e rádio e TV, Fernanda Young teve uma marcante carreira como escritora, roteirista, apresentadora e atriz. Entre alguns de seus livros estão, Posso Pedir Perdão, Só Não Posso Deixar De Pecar, Estragos, A Mão Esquerda de Vênus, A Louca Debaixo do Branco, O Pau, Tudo Que Você Não Soube, Vergonha dos Pés, Dores do Amor Romântico.
Na televisão, foi roteirista de vários seriados e programas de sucesso, como Os Normais (2001- 2003), A Comédia da Vida Privada (1995), Os Aspones (2004), Surtadas na Yoga (2013-2014), Vade Retro (2017), Como Aproveitar o Fim do Mundo (2012), Minha Vida Nada Mole (2006- 2007) e Shippados (2019).
Além disso, apresentou os programas Saia Justa (2002-2004), Irritando Fernanda Young (2006- 2010), Confissões do Apocalipse (2012) e Odeio Segundas (2015). E, no cinema, participou dos roteiros dos filmes Os Normais (2003) e Os Normais 2 (2009) e Muito Gelo e Dois Dedos D’Água (2006).
Fernanda faleceu no dia 25 de agosto de 2019, aos 49 anos, devido a uma parada respiratória provocada por uma crise de asma. Ela deixou o marido Alexandre Machado e quatro filhos, Cecília Maddona, Estela May, Catarina Lakshimi e John Gopala.
Sobre Maria Ribeiro
Maria Ribeiro é atriz, escritora e diretora de cinema. Cursou jornalismo na PUC, mas já conciliava a faculdade com a carreira de atriz. No Teatro participou das peças Confissões de adolescente, O Inimigo do Povo, Feliz Ano Velho e Separações. No cinema contabiliza inúmeros filmes com destaque para Como Nossos Pais (2017) de Lais Bodansky, pelo qual conquistou o prêmio de melhor atriz no Festival de Gramado, além de filmes como Entre nós, Histórias de Amor Duram Apenas 90 minutos, Tropa de Elite, entre outros.
Integrou a banca do programa de debates da GNT Saia Justa e várias participações em novelas como Império e estreia esse ano a série Desalma na Rede Globo. Atualmente tem um programa de variedades na plataforma Hysteria, escreve uma coluna no jornal O Globo e viaja em turnê com o projeto Você é o Que lê, com Xico Sá e Gregório Duvivier.
Sobre Mika Lins
Mika Lins tem uma longa e profícua carreira como atriz e desde 2009 tem se dedicado exclusivamente a direção teatral. Entre suas direções estão: Dueto para Um, de Tom Kempinski, vencedor do prêmio APCA de melhor atriz para Bel Kowarick, de Juan Pablo Villalobos, A Tartaruga de Darwin de Juan Mayorga, Tutankáton de Otavio Frias Filho. Na televisão dirigiu Terradois para a Tv Cultura, com apresentação de Jorge Forbes e Maria Fernanda Candido. É diretora da Cia Instável.
Ficha Técnica:
Texto: Fernanda Young. Adaptação: Caetano Vilela, Maria Ribeiro e Mika Lins. Com Maria Ribeiro. Direção e cenografia: Mika Lins. Iluminação: Caetano Vilela. Figurino e Trilha sonora: Maria Ribeiro e Mika Lins. Produtor da Live, Vídeo e Sonoplastia: Rodrigo Gava. Cenotecnia e objetos: Alejandro Huerta. Designer: Luciano Angelotti. Assessoria de imprensa: Morente Forte.
Assessoria mídias digitais: Agencia Brain. Assistência, programação e operação de luz: Nicolas Caratori. Assistente de produção: Camila Scheffer. Direção de produção: Dani Angelotti.
Realização: Cia Instável e Cubo Produções.
PÓS-F
De Fernanda Young.
Com Maria Ribeiro.
Direção: Mika Lins.
De 12 de setembro a 4 de outubro – Sábados e domingo às 20h.
Ingressos à partir de R$ 20 com 20% da bilheteria doados a instituições de apoio à classe artística.
Classificação: 16 anos.
Duração: 50 minutos.
TEATRO PORTO SEGURO
Vendas exclusivamente on-line no site: http://www.tudus.com.br
Dúvidas: contato@teatroportoseguro.com.br
Atendimento pelo telefone (11) 3226.7300 de sexta a domingo das 14h às 20h.
Cliente Porto Seguro: Na compra de um ingresso antecipado (até um dia antes)
receberá um link extra de acesso para convidar alguém.
Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).